Um dos poucos setores que conseguiu se recuperar do impacto causado pela pandemia, o mercado imobiliário, tem previsão de crescimento de 3,8% em 2021, de acordo com levantamento realizado pelo Sinduscon/SP (Sindicado da Indústria de Construção). O resultado disso é que condomínios residenciais passaram a ser um grande filão para a prestação de serviços.
A explicação é simples. Além de estar em ascensão, o segmento também está demandando mais procura, já que o coronavírus fez com que os cuidados com limpeza fossem redobrados.
A adoção do home office por grande parte das empresas, por exemplo, fez com que mais gente passasse a trabalhar de casa. Com isso, a manutenção das áreas comuns ganhou destaque, gerando oportunidades para quem atua neste nicho.
Cenários distintos
Samuel Rubens Pereira, diretor comercial da Haganá, comenta que, sem dúvida, a Covid-19 não somente aumentou a procura, como serviu para mostrar ao mercado as empresas que estão preparadas para enfrentar esta fase tão difícil.
Um dos primeiros exemplos citados pelo executivo foi o aumento da produção de lixo orgânico e reciclável com à adoção do trabalho remoto. “O volume aumentou consideravelmente, exigindo mais cuidados na higienização e organização dos locais de armazenamento”, explica o executivo.
Roberto Piernikarz, diretor geral da BBZ Administradora de Condomínios, lembra que a pandemia trouxe dois cenários distintos para os condomínios. “O primeiro relacionado à redução de custos, afastamento de funcionários e demais ações visando contenção de gastos, incluindo a troca de empresas, marcas, fornecedores etc.”.
Já o segundo movimento destacado por ele focou na profilaxia frente à pandemia: “aquisição de álcool gel, dispensers, reforço na equipe de limpeza e as próprias recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) de higienização constante”.
O executivo também pondera que, embora tenha ocorrido uma sensível evolução na conscientização geral da massa condominial sobre a pandemia, ainda tem quem está aquém do que seria necessário, com divergências frente à vacinação, uso de máscara etc.
“Há também uma dicotomia entre aqueles que exigem uma limpeza impecável e outros que julgam que o investimento adicional na higienização é desperdício financeiro”.
Mas o fato constatado é que o grupo dos que solicitam mais limpeza lidera, com destaque para as áreas com demandas mais recorrentes como elevadores, corrimãos e banheiros comuns.
Paulo Peres, diretor da InService, também concorda que os condôminos estão muito mais atentos à higienização. “Podemos destacar também a desinfecção de áreas comuns como espaço criança, playgroud, academia, salão de festas devido à reabertura destes espaços”.
Ele aproveita ainda para citar o trânsito de pessoas, bem como a exigência de protocolos na limpeza das áreas comuns. “O contrário foi detectado nos clientes corporativos, com queda na demanda em função da baixa circulação de profissionais nos escritórios”.
Desafios e oportunidades
Entre os desafios listados por empresas prestadoras de serviço e as administradoras de condomínio figuram, além da limpeza, a mão de obra. “A quantidade de faltas e a carência de reposição de funcionários quando não há terceirização por parte do condomínio são comuns”, diz Peres.
Já Pereira conta que na empresa onde atua, a necessidade de atender as demandas levou à preparação de produtos e serviços que oferecessem soluções aos clientes. “Desta forma passamos a receber solicitações diversas de clientes existentes e novos”, diz, para acrescentar: “já sentimos um engajamento de moradores nos cuidados contra a contaminação e acreditamos que muitos seguirão os parâmetros de higiene no novo normal”.
Pereira estima ainda que as perspectivas são as melhores para o segmento. “Acreditamos na continuidade do crescimento do setor residencial, principalmente pelo aumento de novos prédios e da oferta de mais unidades para a população”.
Peres também cita aumento de oportunidades com serviços diferenciados como mensageiro ou para a separação de mercadorias. “As compras realizadas pela internet triplicaram e a quantidade de produtos recebidos no condomínio residencial aumentou demasiadamente”, destaca.
Tanto que a estratégia adotada por eles foi reforçar o contato comercial nos atuais clientes, além da comunicação dos novos serviços ofertados em decorrência da pandemia e utilização de produtos eficazes no combate ao coronavírus.
“A situação permanecerá aquecida, devido ao comportamento dos condomínios que não possuem terceirização de serviços, pois a falta de mão de obra é constante, assim, as empresas de facilities services possuem grandes oportunidades de prestar serviço profissional que garantirá eficácia e mão de obra qualificada”, acrescenta Peres.
Serviços em alta
Higienização de tapetes, de demais elementos e ambientes também foi apontada por Piernikarz como oportunidade de negócio. “Outro movimento bastante encontrado são os dos mini-mercados e outros serviços que oferecem conveniência ao condômino sem sair de casa, incluindo doação de sangue e vacinação contra a gripe, por exemplo”.
Ele lista ainda o aumento serviços para acionamento de equipamentos à distância e alternativas similares que limitam o contato das mãos com os objetos “Até mesmo para barreira física, com acrílico entre os visitantes, condôminos e os funcionários houve procura”, diz.
“Mas como nosso negócio está voltado à administração, aproveitamos esse momento para comunicar a importância das ações não farmacológicas de prevenção ao coronavírus, além de fomentar ações sociais como arrecadação de alimentos, donativos e parcerias com empresas para oferecer descontos em vacinação direto no condomínio”, relata.
“Temos a convicção de que haverá um retorno significativo em diversas demandas, especialmente às que estão ligadas aos eventos. Salões de festa, churrasqueiras e espaços gourmet, enfim, toda essa gama de serviços será muito demandada e, por conseguinte, os serviços estarão em alta”, finaliza Piernikarz.
Fonte: Revista Higiplus